ART Os processos diaspóricos até o Quarto de despejo: ecos dissonantes na escrita como resistência. A Construção identitária de Carolina Maria de Jesus

Diasporic processes to the Dumping Room: jarring echoes in writing as resistance. Carolina Maria de Jesus's Identity Construction

  • Fabiana Julião de Souza Lapa Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus, Escrita Feminina Negra, Reminiscências Escravocratas

Resumo

Por razões históricas e ideológicas, protagonizar a produção da escrita feminina torna-se ainda mais
distante, num cenário de mulheres negras, marginalizadas, nascidas e criadas, majoritariamente, em
ambientes não letrados, ou quando muito, semialfabetizadas, cujos corpos atuam, por vezes, como
único capital simbólico dos sujeitos negros. Na literatura brasileira, as representações da mulher
negra, não raro, marcam o sujeito de forma negativa, ancorado em estereótipos que, por sua vez,
retomam imagens ligadas ao período do escravagismo, ao corpo-objeto ou corpo-procriação, que
supre e serve. Diante da necessidade de ocuparem papéis de protagonismo e do pensar feminismo
negro como projeto democrático, mulheres negras usam a autorrepresentação como recurso de
aproximação através das escritas de si, atuando para formar as expressões, antes presas e silenciadas
pelas condições históricas, em lugares de disputas e conflitos que atravessam e se reproduzem na
cidade. Rompendo barreiras, a negra Carolina Maria de Jesus, em Quarto de Despejo, relata os ecos
dissonantes nas reminiscências escravocratas, presentes em sua construção identitária e nos processos
violadores em sua vida e narrativa na diáspora feminina negra, entendendo que, embora a cidade seja
concebida discursivamente por múltiplos agentes, essa construção se dá de forma assimétrica e
hegemônica, pautada na legitimação de determinados saberes e narradores, autorizados a delimitar,
marginalizar, deslegitimar e subjugar narrativas, territórios e sujeitos que não ocupem lugares
privilegiados na hierarquia social.

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Biografia do Autor

Fabiana Julião de Souza Lapa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Professora de Língua Portuguesa e Redação. Especialista em Literatura Brasileira pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Letras –
Literatura Brasileira, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Publicado
25-01-2020
Como Citar
LAPA, F. J. DE S. ART Os processos diaspóricos até o Quarto de despejo: ecos dissonantes na escrita como resistência. A Construção identitária de Carolina Maria de Jesus. Aquila, n. 22, p. 77 - 93, 25 jan. 2020.
Seção
Artigos de Temática Livre