Por que ler literatura de fantasia?
Why read fantasy literature?
Resumo
Em um de seus textos ensaísticos mais sofisticados, o escritor italiano Ítalo Calvino (1993) investiga com muito humor e perspicácia por que ler os clássicos. É de se pensar que
ninguém faria uma contestação diante da assertiva de que temos sempre algo de proveitoso nesse tipo de leitura. No entanto, muitas pessoas, por motivos diversos, são
muito avessar a ideia de ler tais obras. Algumas as julgam monótonas e chatas; outras, fastidiosas e de uma erudição nauseante. Por isso, Calvino tenta apresentar para os leitores
um quadro mais atraente em torno desses livros que são encarados com tamanha esquivança por parte de algumas pessoas. Neste texto, nos propomos a seguir um percurso muito homólogo com a literatura de fantasia. Esse tipo de texto sequer é considerado por algumas pessoas com a mesma qualidade artística e técnica de outras obras, sobretudo aquelas que se inscrevem no que se convencionou denominar de realismo ou naturalismo. Sobre a literatura de fantasia, já afirmaram que não passa de coisa de criança, que não se aplica a um público jovem ou até mesmo adulto. Que esse tipo de livro não traz também nenhuma espécie de benefício para os seus leitores, tudo que eles permitem é uma fuga da realidade, uma espécie de isolamento estético produzido pelo texto, que promove uma densa alienação uma vez que essas tramas e enredos são dotados de elementos muito adversos à vida real. Diante de tais críticas, muitas pessoas se sentem até mesmo intimidadas ao se proporem a ler uma obra de fantasia. Desse modo, sugerimos uma definição pragmática da literatura de fantasia e seus limites com outros gêneros adjacentes. Em seguida, examinaremos melhor os motivos pelos quais qualquer pessoa deve se dedicar a leitura de uma obra de fantasia e, também, em que esses textos podem nos ajudar.
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Referências
CALVINO, I. Por que ler os clássicos. Tradução de Nilson Moulin. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
HEGEL, G. W. F. Cursos de Estética III. Tradução de Marcos Aurélio Werle; revisão de Márcio Seligmann Silva; consultoria Victor Knoll e Olivier Toller
– 2.ed.rev. 1 reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2014 – (clássicos; 14).
REID, R. A. Arthur C. Clarke: A Critical Companion. Westport: Greenwood Press, 1997.
TODOROV, T. Introdução à literatura fantástica. Tradução de Silvia Delpy. São Paulo: Perspectiva, 1981.