Trivium - Estudos Interdisciplinares

Dossiê Guerra

Paulo Endo — 2025-04-06

Editorial.

War Dossier

Paulo Endo — 2025-04-06

Editorial

Guerra, Morte

Betty Fuks — 2025-04-07

Assiste-se hoje ao curso de duas guerras que estão na iminência de se tornarem globais. Essa triste realidade convoca as autoras a colocar em primeiro plano a impossibilidade de separar o inconsciente do campo social e político para retornar ao pensamento de Sigmund Freud sobre a guerra e sua reação com a aliança entre o progresso e a barbárie. A partir daí, considera-se a possibilidade de traçar uma trajetória ético-política capaz de fazer frente à violência da pulsão de destruição e sua crueldade.

Os mal-ditos da democracia

Paulo Endo — 2025-04-07

Esse artigo preocupa-se em aprofundar a convocação global difundida pela extrema-direita. Mobiliza os argumentos de algumas pensadoras e pensadores contemporâneos que têm alertado, há décadas, sobre o ataque a direitos, a prontidão de governos para a execução de políticas de extermínio de grupos e pessoas e o apoio crescente das massas a tais discursos e práticas. Recorre ao pensamento de Sigmund Freud que indicava perigos iminentes no projeto de construção da civilização. Civilizar, progredir e enriquecer não apenas sempre foram uma possibilidade para poucos, mas, hoje, esses poucos pretendem dar as cartas sobre quem estará nos lugares privilegiados da prosperidade e da civilização.

Na guerra e na paz

Wânia Pasinato — 2025-04-07

Neste artigo, procuro refletir sobre a repetição da violência contra as mulheres com base nas duas ideias aparentemente contrastantes de naturalização e excepcionalidade, considerando que ambas, cada uma à sua maneira, reforça a invisibilidade e não reconhecimento da violência como violação de direitos das mulheres. Mobilizando conceitos como violência feminicida e guerra de baixo impacto, parto da ideia de que a crueldade extrema nos atos violentos contra mulheres que ocorrem nos períodos de crise, também pode ser identificada em outros contextos e períodos históricos, inclusive os estupros coletivos e elevadas taxas de homicídios de mulheres.

Contra a guerra a cultura ou contra a cultura a guerra?

Rinaldo Voltolini — 2025-04-07

Neste texto, serão examinadas, através de um caso concreto – as escolas cívico-militares – a ideia de guerra total, enquanto proposição de um estado permanente, ordinário, de guerra no cotidiano da vida civil. A afirmação freudiana de que o que trabalha a favor da cultura trabalha contra a guerra, afirmação que estabelece uma oposição dialética entre guerra e cultura, permitiu uma análise de como o projeto de escola cívico-militar implica certo rompimento com esta dialética, desqualificando o caminho da cultura como forma de tratamento da violência estrutural do humano em direção a uma proposta de controle disciplinar.

Da violência racial aos feminismos negros

Diana Mendes — 2025-04-07

Sobre o que estamos falando quando utilizamos a expressão Violência Racial? De que maneira ela se conecta aos conceitos de Genocídio Negro, Necropolítica ou Guerra total? Como essa violência se manifesta no Brasil? Oriundas da experiência à frente do Observatório da Violência Racial CAAF/Unifesp entre 2022 e 2024, tais questões organizam a presente reflexão que busca, ainda, apresentar algumas das respostas a essa violência cotidiana e sistemática. Fonte inesgotável de modelos de subjetivação política, os feminismos negros figuram como as referências destas respostas.

Os filhos da guerra

Marylink Kupferberg — 2025-04-07

Este artigo toma como ponto de partida os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, que derrubaram as ilusões que, porventura, a civilização ocidental tenha erigido sobre si mesma e deixaram o século XX marcado pelo horror. Afirma-se que a segunda geração, denominada aqui como os “Filhos da Guerra”, foi profundamente impactada pelos efeitos da transmissão de “Zonas de Silêncio”, espaços resultantes do impacto traumático vivido pela geração de sobreviventes da Shoah.

O nojo como arma na guerra colonial contra existências trans

Andreone Medrado — 2025-04-07

A guerra contra corpos trans fundamenta-se na imposição da cisnormatividade como princípio regulador daquilo que os diversos corpos podem ou não. A partir disso, este texto assume a preocupação crítica e reflexiva de questionar esse pressuposto e seus efeitos mortíferos contra a população trans, entendendo a cis-heteronorma como uma arma de guerra. Esta arma de guerra encontra uma munição importante: o nojo, uma emoção que se torna fundamental na política de repúdio às pessoas trans. A análise proposta baseia-se não apenas nas estatísticas já conhecidas sobre mortes trans, mas sobretudo pretende ilustrar a centralidade do nojo na consolidação desta guerra antitrans, cujas garras estendem-se em múltiplas direções do tecido social.

As violências do processo (de)civilizador e a economia psíquica como expressão dos conflitos sociais

André Oliveira Costa — 2025-04-07

Em vez de pensar na civilização como um ponto de chegada, tanto Norbert Elias quanto Sigmund Freud romperam com os ideais do indivíduo civilizado, revelando seus lados sombrios, cheios de contradições e ambivalências. Ambos os pensadores incluíram a barbárie na civilização. E, dessa forma, reescreveram os destinos das sociedades. O processo civilizatório, então, passa a ser visto com avanços e recuos, construções e destruições, civilização e barbárie, causados por forças civilizatórias e descivilizatórias. E as experiências de violência produzem traumas sociais que são transmitidos entre as gerações. O colapso da civilização é então mostrado como um dos destinos inevitáveis do processo civilizatório.

Memória total ou amnésia absoluta?

Karen Worcman — 2025-04-07

Este artigo discute duas perspectivas acerca do futuro da memória. A primeira perspectiva é debatida a partir de um artigo de Hoskins (2024) sobre o quanto a inteligência artificial vem alterando a forma como pessoas, grupos e a sociedade de maneira geral se relacionam com suas memórias; a segunda perspectiva, apresentada por Gudynas (2019), relaciona a proposta biocêntrica a uma nova perspectiva sobre a memória. Ambas perspectivas representam caminhos diametralmente opostos e colocam-nos frente a caminhos distintos para uma escolha acerca do futuro da memória. Por fim, o artigo discute como um lugar de memória, tal como o Museu da Pessoa, pode ser ressignificado para lidar com ambas as perspectivas.

O gozo da guerra

Vera Pollo — 2025-04-07

O artigo analisa a presença da violência e da guerra na História, investigando o que a autora chama de “gozo da guerra”. A partir de Sigmund Freud e Jacques Lacan, argumenta-se que a pulsão de morte, em sua face de destruição, emerge em tempos de conflito e se reflete em estruturas de poder. A psicanálise, especialmente com Lacan, é vista como uma ferramenta para entender o fascínio humano pela crueldade que sustenta o ódio e a segregação.

Direitos Humano, democracia e memória

Maria Victoria de Mesquita Benevides — 2025-04-07

Resenha de Paulo César Endo, Andrei Koerner, Raíssa Wihby Ventura (Orgs). Ensaios Críticos e Experimentação em Direitos Humano, Democracia e Memória. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Portal de livros abertos da USP, 2024. 363p.

Da Guerra e da Paz

José Maurício Teixeira Loures — 2025-04-07

Resenha Crítica dos Painéis Guerra e Paz de Cândido Portinari.

Sob os escombros de Gaza

Jamil Chade — 2025-04-07

A revista Trivium - Estudos Interdisciplinares inaugura a seção “Debates” em seu Dossiê Guerra, com o objetivo de oferecer um espaço para a exposição de diferentes perspectivas. A iniciativa busca promover um diálogo crítico que respeite a multiplicidade de vozes e reflita, com rigor e sensibilidade, sobre os impasses que marcam o cenário contemporâneo.

Narrativas da guerra

Daniel Feldmann — 2025-04-07