A inclusão socioeducacional dos surdos e a psicanálise: entre os ditos discursivos
Programa de Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente (2020)
Palavras-chave:
Inclusão socioeducacional, Psicanálise, Sujeito surdo, CulturaResumo
A valorização para a inclusão qualitativa do sujeito surdo sinalizado (o que se comunica através da língua de sinais) no âmbito socioeducacional é apregoada pelos ditos discursivos das legislações e pela sociedade civil. No entanto, tal cenário, não tem logrado o êxito esperado. O sujeito surdo vem se apresentando, nesses espaços, com muitas dificuldades em se considerar pertencente na
sociedade vigente e, no âmbito educacional, o fracasso escolar se evidencia por meio do alto índice de reprovação e repetência nas escolas regulares de ensino. Sob essa perspectiva, insere-se na cultura surda como um locus de zona de conforto na ilusão de adquirir a plena felicidade. Percebo que nesse contexto, o surdo prioriza os aceites das normalizações da sua cultura, sem muitas
contestações, sem perceber-se enquanto sujeito singular e coletivo, engendrado pelas subjetividades da sociedade em que vive. Nessa perspectiva, a presente tese tem como objetivo geral elucidar, com a ajuda dos estudos da psicanálise, o lugar do surdo enquanto sujeito único que vive em coletividade, pois faz parte de uma civilização. Tal objetivo se circunscreve a partir das minhas indagações que me inquietam enquanto profissional do campo da educação e como sujeito social, a saber: quem é o sujeito surdo em suas singularidades? Ou seja, quem é o sujeito único constituído e constituinte das suas experiências intransferíveis e pessoais
desde o seu nascimento? Porque a dificuldade de se enxergar enquanto sujeito único e não somente coletivo, embrenhado em sua própria cultura surda? A inclusão socioeducacional pode ter chances em tornar-se de fato qualitativa? Assim, tais estudos não só contribuirão para explicar o funcionamento da mente humana como poderá ampliar e suscitar novas possibilidades de inclusão socioeducacional do surdo enquanto sujeito do desejo. Um desejo que não está apenas vinculado à falta, a falha etc,, mas um desejo de saber, querer saber e saber - fazer. Para isso, foram citados renomados pesquisadores que contribuíram significativamente com seus estudos para a construção dos conhecimentos com relação as temáticas abordadas nos capítulos e subcapítulos dessa pesquisa, como: a história dos surdos desde a antiguidade, as legislações e suas garantias, a teoria de Freud sobre o "mal estar na
cultura," a teoria dos discursos de Lacan, a cultura surda, linguagem , lalíngua, voz e surdez. Como conclusão o trabalho traz algumas contribuições à inclusão do sujeito surdo, enfatizando que os espaços sociais e educacionais, assim como a sua cultura, se configurem em espaços que o surdo possa falar e não, que falem por e para ele.
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https://drive.google.com/file/d/1aeB9hZ-ls7QaNKlG5enuMDhdvSW0Wlel/view?usp=drive_link