Devastação mãe-filha: perversão e loucura
Programa de Mestrado e Doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade (2020)
Palavras-chave:
Relação mãe-filha, Devastação, Catástrofe, Perversão, Não-toda, LoucuraResumo
A presente tese realiza uma proposta de estudo centrada na relação mãe-filha e seus enlaces com a clínica da devastação, o diagnóstico de perversão e as passagens ao ato da loucura. Utilizam-se dois casos que correspondem ao percurso analítico de
duas mulheres, cujos impasses em suas vidas amorosas parecem evidenciar aquilo que Lacan (1972), na esteira de Freud, nomeou de devastação. Para efetivar sua proposta, a tese inicia com a revisão do conceito freudiano de ‘feminilidade’ e correlatos. Salienta a função da mãe como primeiro objeto de amor das crianças de ambos os sexos e sua repercussão na vida adulta de cada sujeito. Aborda o significado do termo ‘catástrofe’, tal como Freud (1932) o emprega para se referir aos efeitos causados pela relação mãe-filha na vida adulta de muitas mulheres, em particular, nas relações destas para com seus companheiros, caso consigam sair de
sua primeira relação com a sua mãe. Prossegue com o estudo da perversão e algumas elucubrações teóricas baseadas neste termo tão múltiplo, para depois abordar a concepção freudiana da Verleugnung e considerações lacanianas sobre o fetiche. Trazemos como exemplo de um pacto perverso, o filme “A professora de piano” (2002) e fazemos um recorte sobre a vida e obra do escritor Yukio Mishima, no intuito de esclarecer a estrutura da perversão. No terceiro capítulo, abordamos as fórmulas quânticas da sexuação e do gozo feminino, recorrendo a textos de Lacan e de alguns comentadores de orientação lacaniana, para elaborar a relação entre a posição “não-toda” e a loucura. A título de referências bibliográficas complementares são utilizados também o livro “A oleira ciumenta” de Lévi-Strauss (1985) e a peça teatral de Paul Claudel intitulada “Partage de Midi” (1906). O caso Gypsy e Dee Dee, foram retratados a partir da série “The Act” (2019) e, por fim, utilizamos o caso das irmãs Papin. Pode-se dizer que neste tipo de relação, tanto do caso Gypsy, quanto das irmãs Papin, há a ocorrência de um ato criminoso. Dito isto, é possível dizer que
a relação de devastação, em alguns casos específicos, pode ser considerada em um caso de perversão.
Acesso ao texto:
https://drive.google.com/file/d/1yB8tnIR6Z042NFHTYHyx7v6mYl0kftCO/view?usp=drive_link