O ódio como ferramenta política

Programa de Mestrado e Doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade (2025)

Autores

  • Flávio de Oliveira Julio Universidade Veiga de Almeida

Palavras-chave:

ódio, política, pulsão, psicanálise, ética

Resumo

Na tentativa de compreensão do ódio e sua manipulação através da política, buscamos na teoria psicanalítica seus fundamentos. Partindo do Projeto para uma psicologia científica, onde Freud já anunciava as bases da teoria pulsional em seu modelo de aparelho neuronal, adentramos na teoria da pulsão. Com o estabelecimento da pulsão de morte, o ódio ganha um outro patamar, passando a
ser relacionado a ela e à pulsão de agressão e destrutividade. Dada à natureza agressiva do sujeito, emerge o ódio sob o signo da rivalidade, oriundo da relação estrutural com o Outro. Trata-se de um dos opostos do amor e está relacionado com a agressividade e destrutividade. O sujeito é um ser social e não há como se desvencilhar da relação coletiva. Em meio à massa, a identificação surge como elemento de ligação com seus membros. O líder surge como uma espécie de substituto do pai que guiará esse grupo, estando toda a massa subordinada a ele. Sob essa perspectiva, temos a política que dita as regras de uma dada sociedade. Esse líder político manipula e instrumentaliza o ódio inerente a esses sujeitos, direcionando a agressividade àqueles fora do grupo ideológico que constitui a massa, instituindo a rivalidade entre os membros da sociedade e o ódio como uma política a ser seguida. Na história da humanidade, podemos elencar três momentos em que esse ódio foi instituído como uma política de Estado: a escravidão do povo
negro; na emersão do nazismo; e na ascensão de regimes totalitaristas e de extrema direita. O ódio ao diferente torna-se a base para o racismo, xenofobia, a discriminação, preconceito e a segregação. A direita radical atual, da mesma forma
que líderes fascistas do passado, tentam obter poder político, questionando a realidade, endossando mito, ódio, paranoia e promovendo inverdades. As fake news tornam-se o modus operandi dessa articulação política, utilizando-se das redes sociais como principal meio de propagação. Não parece haver uma maneira de conter esse ódio crescente na sociedade, em que o sujeito encontra guarida na comunidade para dar vazão a esse afeto. Assim, é a partir da ética da psicanálise, ou ética do desejo, que buscamos uma possibilidade de saída dessa rede crescente de ódio. A proposta da ética da psicanálise é que esse sujeito se torne senhor de seu desejo, de suas consequências, da impossibilidade de sua completa satisfação, responsabilizando-se por seus atos e tornando-se livre das amarras que o prende ao líder tirano e manipulador.

Acesso ao texto:

https://drive.google.com/file/d/11BQKErM-iq2FtByURwWE3AVy-revl4ij/view?usp=sharing

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Publicado

2025-09-08