A prática do personal diet: notas sobre culto ao corpo, controle alimentar e a magreza enquanto valor
Programa de Mestrado e Doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade (2020)
Palavras-chave:
corpo, nutrição, subjetividade, sociedade de consum, regulação socialResumo
Esta dissertação trata da comida como um elemento da cultura que contribui para a socialização dos sujeitos. Os elos entre nutrição, biopoder e higienismo que influenciam diretamente a sociedade num desprezo pelas tradições alimentares, seguindo uma nova dietética por indução da indústria de alimentos sob a égide do capitalismo. Em uma cultura lipofóbica, certamente, a gordura figura como uma das representações sociais mais emblemáticas da feiura. De um direito, a beleza transformou-se em dever. Dentro dessa lógica é, então, possível compreender os julgamentos morais depreciativos, como uma punição para todos aqueles que não aderem ao projeto de culto ao corpo. Neste quadro histórico nascem os “novos transtornados” (psiquiatrização). E sendo assim, no trabalho dos profissionais de nutrição é comum depararmo-nos com sujeitos que padecem de uma estranha dor. O sofrimento de não conseguir exercer um controle eficiente do comer. Engordo e não sei como parar, dizem muitos pacientes. Neste sentido, quando a gordura é criminalizada e a responsabilidade pela própria aparência recai sobre o sujeito, novas práticas corporais são criadas como uma estratégia para fugir da exclusão socialmente validada, de tal modo que, recentemente, vimos nascer uma nova profissão no mercado, - o personal diet, cuja função consiste em delegar a um profissional a tarefa de evitar a transgressão moral de comer de modo inadequado. Por último, apresentamos alguns casos clínicos, fazendo uma relação entre as questões psíquicas/corporais com ênfase no papel desempenhado por esse nutricionista.
Acesso ao texto:
https://drive.google.com/file/d/1n8fwoU_Z8BSakXKtl71j1Uab8tDtOTuC/view?usp=drive_link