Capitalismo, Psicanálise e cuidado de si

Programa de Mestrado e Doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade (2019)

Autores

  • Hadson do Vale Dutra Junior Universidade Veiga de Almeida

Palavras-chave:

desamparo, subjetividade, sujeito, laço social, discurso, dispositivo, desejo, moral, ética

Resumo

A subjetividade, em suas dimensões simbólica e imaginária, é tanto um efeito da cultura quanto a cultura também é efeito dessa mesma subjetividade. O sujeito é produto e produtor do meio social, por isso, relevante tanto para a psicanálise quanto para a filosofia contemporânea. Inicialmente busca-se desconstruir a ideia de que já nascemos com algo que vá predizer ou conduzir nosso destino, nem para o bem, nem para o mal, seja algo espiritual ou
genético. Parte-se da noção de desamparo originário, em Freud, para se evidenciar que todos nós somos desamparados, a princípio, não tendo um instinto que possa garantir nossa sobrevivência. Com a entrada na linguagem perde-se o instinto, além da constatação de que o filhote do animal humano nasce prematuro. Devido à complexidade da sociedade tecnológica e científica atual é imprescindível que se considere a ordem vigente de um mundo que se tornou globalizado, para que se compreenda seus efeitos na subjetividade e no laço social. Essa ordem vigente é o capitalismo, não mais como sistema apenas econômico, mas como lógica que coloca toda a vida funcionando a partir de um eixo central que não promove sentido, o dinheiro. Observam-se os discursos, na psicanálise de Lacan, para se mostrar que o discurso do capitalista não promove laço social, e o discurso como enunciado, na filosofia de Foucault, para se evidenciarem as articulações de poder e saber que interferem na forma como o sujeito pensa e posiciona a si mesmo, o outro e a vida. As saídas possíveis do que sugere um labirinto já repleto de dispositivos de controle internos e externos, inconscientes e conscientes, posto como realidade normal e inexorável para qualquer indivíduo que nasce, não existem de antemão, precisam ser construídas por cada sujeito, observada a singularidade de cada um. A ética da psicanálise e a ética do cuidado de si podem ser articuladas na construção de uma saída, a primeira pautada no desejo inconsciente, inapreensível em sua dimensão real, e a segunda, uma prática do governo de si tomada pela via da consciência e necessária para que o sujeito se perceba como alvo de disputas de poder, tendo a sua saúde, suas relações e a sua vida transformada em mera estatística por um fim único de lucro.

Acesso ao texto:

https://drive.google.com/file/d/1GvsqY7WvvAd-EPOrHIsWjb_KDHfo3y_U/view?usp=drive_link

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Publicado

2025-09-04